sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CARTA FICTÍCIA PARA UM ALUNO FICTÍCIO AJUDAR O BRASIL A ALCANÇAR UMA COLOCAÇÃO FICTÍCIA.

Bom dia, Armando Folga da Silva.

Você já deve estar sabendo que foi publicado o ranking de educação da UNESCO e o Brasil ficou em 88º lugar. Na América Latina, perdemos apenas para o Suriname.
Estranhei a colocação, pois o sistema de educação de onde moramos é revolucionário!!!
Bem, creio que o problema não está no sistema.
Por isso, resolvi te dar umas dicas (sobre o sistema atual) para melhorar nossa classificação sem que você se desgaste queimando neurônios.

  • Não precisa ir na escola todo dia. Vá apenas uma vez por mês para não caracterizar abandono.
  • Não faça nenhuma prova ou trabalho. No fim do ano te darão um “trabalhinho”. (para compensar conteúdos e ausências perdidas)
  • Se nem ai você for bem, o conselho de classe pode te dar um empurrãozinho.
  • Agora se o conselho de classe falhar, não esquente a cabeça, pois você terá que carregar DP para o próximo ano e isto se resolverá facilmente com mais um trabalhinho. 
  • Agora se de repente você for retido, o que é quase impossível de acontecer, e sua idade for incompatível com o restante da classe, não se preocupe, pois faremos uma reclassificação que garantirá a sua vaga imediata para a turma compatível com a sua idade. 
  • Compareça nos dias de avaliação do SARESP e se dê bem nos chutes. Pra isso, oferecemos até notebooks como premiação para os alunos e bônus para os professores e diretores.
  • Temos um sistema maravilhoso chamado “progressão continuada” e isso resolve facilmente os problemas da educação no país. Mostra que os alunos estão passando de ano, se formando e freqüentado a escola (nem que seja uma vez por mês).

Não sei por que os EUA, Japão, França, Suíça se esforçam tanto se as coisas poderiam ser mais simples como é aqui.

Abraços,

Profa. Léia Dome Noresfoço

2 comentários:

  1. É triste, mas uma realidade. Aqueles que não tem condições de arcar com ensino na rede particular, ficam a mercê desta verdade. Em um país onde o próprio governo distribui "bolsa parasita", sequer pensou em concluir o ensino superior. O que pensar? Para onde correr? Estamos chegando ao ponto de ter que esconder nossos títulos acadêmicos, pois estudar já ficou demodê.
    Conheço mestres e doutores pleiteando empregos que exigem pouca escolaridade, poque pensar não pega bem, questionar e promover mudanças sociais significativas não é compatível com o perfil de tempos modernos.
    Voltamos a lei da mordaça, a ditadura hoje é outra, é velada, disfarçada... ela nunca morreu, apenas mudou a roupagem para enganar mais e por mais tempo.
    Voltamos ao tempo de ver e não enxergar, escutar e não ouvir. Como quem tem pernas funcionais e se vê obrigada a se deslocar com auxílio de cadeiras de rodas, como quem pode voar alto e se vê cativo em uma gaiola de portas abertas. É lamentável o que se faz com a educação, lamentável...

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  2. Não poderia deixar de concordar com tudo, até porque visualizo esta situação todos os dias na minha profissão. Mas é também pela profissão (ou missão) que afirmo que os alunos não estão a mercê dessa situação, eles corroboram com este quadro horrendo, uma vez que pra eles é mais cômodo serem promovidos sem esforço!

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